Olá querido leitor! Passei um tempo sem escrever aqui por causa da correria da vida, mas não pretendo ficar tanto tempo assim sem dividir com você minhas impressões sobre o mundo. Há um tempo venho sentindo que deveria falar com vocês, porém não sabia ao certo sobre o que falar. Muitos temas rondavam pela minha cabeça até o dia de hoje quando uma publicação no facebook me fez ter a certeza sobre o que deveria compartilhar com vocês.
Um autor desconhecido escreveu que " Precisamos perdoar aquelas pessoas que nunca foram capaz de nos pedir perdão" e logo que li essa frase em uma de minhas lembranças do facebook eu fiquei me perguntando: Por que é tão difícil para nós, seres humanos, perdoarmos outra pessoa? Em um primeiro momento posso dizer que o perdão não é algo propriamente humano e talvez por isso seja tão difícil perdoar alguém que nos feriu, principalmente se essa pessoa nunca foi capaz de nos pedir perdão.
Eu sempre sofri por algo: a dificuldade de perdoar e o fato de guardar rancor. Também tenho o defeito de guardar o momento crucial das decepções que tive na vida e esses momentos são, às vezes, tão nítidos em minha mente que eu lembro dos mínimos detalhes. Quer ver um exemplo? Uma vez, quando tinha entre 7 e 8 anos, tive uma discussão com uma amiga de sala por causa de um biscoito. Todos os dias minha mãe preparava meu lanche sempre igual: algo para beber, uma fruta e exatamente seis bolachas doces. Eu lembro que nesse dia as bolachas eram com o recheio de chocolate branco que eram minhas preferidas. Na hora do intervalo todos fomos ao refeitório e uma colega de classe pegou uma de minhas bolachas e comeu. Fiquei com muita raiva e falei que ela não deveria ter feito aquilo. No mesmo momento ela puxou meu cabelo e me agrediu fisicamente no rosto. A partir daquele momento eu passei a odiar a menina. A professora fez a mediação, minha colega pediu desculpas, disse que não faria mais aquilo, mas durante todos os anos que se seguiram e que aquela menina permaneceu na minha sala eu continuei não gostando dela por um fato ocorrido numa tarde. Há algumas semanas atrás vi uma foto dela nas redes sociais e na hora falei "olha, a menina que pegou meu lanche na segunda série".
Eu não me orgulho em nada de ser esse tipo de pessoa que guarda os fatos negativos. Mas posso dizer que aprendi muito [negativamente] com isso. Encurtando a história, há pouco tempo passei por um período em que vivia doente e no hospital com enfermidades que ninguém conseguia descobrir o que era. Um dia, conversando com minha amiga e psicóloga, descobri que tudo aquilo que eu sentia era na verdade o rancor que eu nutria dentro de mim por fatos e pessoas que sequer tinham noção do quanto haviam me feito mal. Lembro que a partir daquele dia e daquela conversa com ela eu pedi a Deus para me mudar e me ajudar a ser capaz de perdoar mesmo que o outro nunca chegasse a pedir perdão. E desde então tenho sentido a diferença na minha vida.
O perdão é algo difícil, para nós, porque geralmente a decepção vem justamente de pessoas que nós jamais imaginaríamos. Um amigo, uma amiga, um namorado, uma namorada, um filho, uma filha, uma mãe, um pai... E a decepção se torna dolorida, angustiante porque sempre esperamos que pessoas em quem confiamos e que estão sempre do nosso lado nunca nos decepcionem; que cuidem de nós, que não nos abandone e que estejam lá em todo o momento. Esse é o primeiro erro que cometemos. Quando achamos que uma pessoa não vai nos decepcionar simplesmente porque está ao nosso lado tiramos do foco o fato de ela ser pecadora e falha como nós somos. Não estou justificando ou defendendo quem nos decepciona porque eu já passei por isso e sem como dói, mas pensar desse modo pode nos ajudar a diminuir a ferida.
Outro erro que cometemos, e é nesse que eu gostaria de focar, é o fato de querermos que a dor passe logo, mas aqui nos esquecemos que não exist eum analgésico, um anti-inflamatório ou até mesmo um alucinógeno que nos tire a dor. O perdão é um processo que exige algumas coisa de nós. Precisamos colocar em nossa mente que, muitas vezes, as pessoas simplesmente nos magoarão. Sem explicação. Sem motivo. Às vezes até elas mesmo não saberão o motivo de terem feito aquilo. Muitas vezes um ato simples (para o outro) pode ser que vai nos tirar a paz por muito tempo. O processo começa a partir do momento que reconhecemos que estamos feridos e precisamos que aquela dor passe. Nessa jornada será necessário olhar para a outra pessoa como Jesus olharia. Mesmo que o tenhamos negado, rejeitado e ferido, ainda assim Ele nos perdoou. Todas as decepções que temos Ele teve primeiro. Ele foi ferido primeiro. Ele foi enganado primeiro. Ele foi traído primeiro. Ainda assim não deixou de nos amar. Ainda assim não deixou de nos perdoar.
Eu posso dizer que não é uma jornada fácil. O processo exige lágrimas, exige que joguemos fora tudo o que anestesia a dor. A dor precisa ser sentida e por isso o início vai ser muito dolorido. Ele vai exigir um esforço contínuo. A sensação que teremos é a de que construímos uma barreira imensa entre nós e a pessoa e agora não podemos simplesmente pegar uma marreta e derrubar a barreira. Nós precisaremos contorná-la e esse contorno vai apresentar tantos obstáculos que nos machucarão que a primeira vista teria sido melhor ficar paradinho no nosso lugar. Esse caminho tortuoso é o que chamamos de perdão.
Nesse caminho conturbado o primeiro e maior obstáculo a ser ultrapassado será o ódio. Como nós seremos capazes de contorná-lo? Com o amor. E o amor que estou dizendo aqui não é aquilo que definimos como um sentimento que desperta borboletas na barriga e nos deixa bobos. O amor do qual estamos falando é aquele que exige uma ação. Uma ação inaugurada e demonstrada por Deus que está traduzida em João 3:16: Seu amor foi de tal maneira que nenhum dicionário do mundo foi capaz de encontrar uma palavra para definir e por causa desse amor ele agiu enviando Seu filho para que todo o que crê não morra, antes viva eternamente. Quando Deus se viu traído pela raça humana Ele não virou as costas, Ele não alimentou o rancor e o ódio. O que Ele fez foi erguer as mangas e dizer: O ser humano merece a morte porque me desobedeceu, mas Eu o amo tanto que isso não será empecilho para agir. Agora vamos concertar o que deu errado nem que para isso eu precise perder o melhor de mim que é o Meu Filho Amado.
O perdão é uma escolha e o caminho de reconciliação tem seu início aos pés da cruz.
Que Deus te abençoe. Eu oro para que Deus nos transforme e nos torne seres resilientes e capazes de enxergar nossos irmãos da mesma forma como Cristo nos enxerga. Eu oro para que Ele desenvolva em nós a capacidade de perdoar.
Muito Bom a Reflexão! PERDOAR E LEMBRAR! MAS SEM SENTIR DOR!
ResponderExcluirMuito bom ! O perdão e dom de Deus 😍
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