sábado, 24 de novembro de 2018

SACO VAZIO NÃO PARA EM PÉ

           
 Com certeza você já ouviu essa expressão popular em algum momento da sua vida. Minha mãe a repetia para mim quando eu dizia não querer comer nada pela manhã. Sempre tive muita dificuldade em ingerir qualquer tipo de alimento antes do meio dia e por isso essa frase se tornou parte integrante de minha rotina. Um dia, enquanto estava numa aula de um professor completamente agnóstico, me perdi em uma análise profunda sobre essa frase e pude a relacionar com diversos aspectos sobre nossa vida espiritual, mas um específico me chamou a atenção e era justamente relacionado ao debate que tínhamos em sala. Peço que nesse momento você se desarme de todos os seus pensamentos externos agora e vamos juntos focar naquilo que Deus deseja falar aos nossos corações hoje.

            Salomão, como bem sabemos, foi um dos homens mais sábios já existente na terra senão o maior. Quando Deus indagou qual benção ele queria na vida ele escolheu a sabedoria e sem dúvidas o Senhor o abençoou ainda mais pois ele se tornou rico e próspero além de sábio. Em face disso ele escreveu alguns livros para compartilhar conosco parte de sua sabedoria e hoje iremos utilizar um versículo de seu livro de Eclesiastes: “Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.” (Eclesiastes 1:2). Ele continua seu pensamento dizendo que o tempo passa, as gerações e tudo permanece igual debaixo do sol. Para ele é, em outras palavras, como se o vento andasse em círculos e nós, seres humanos, estivéssemos correndo atrás dele sem nunca chegar em lugar nenhum. A partir desse ponto pulemos alguns milênios até chegarmos no século XXI. O que mais me impressiona é que mesmo escrita em um tempo muito antigo, todas as partes da bíblia podem ser perfeitamente aplicadas a nossa realidade hoje. Quando paro e olho para o mundo ao meu redor (e até para minha própria vida) o que percebo são pessoas que estão incansavelmente correndo atrás de vaidades. Como se realmente estivessem sempre correndo em círculos que as levam a estarem sempre no mesmo ponto.

            No debate acalorado na sala o professor interrompeu o debate e nos levou a pensar porque muitas pessoas estão tão presas ao passado de modo que não conseguem viver o presente e porque outras estão tão focadas no futuro que não conseguem viver o presente. Ele, mesmo em sua incredulidade em Deus, fez-nos uma pergunta: “Será que essas pessoas não estariam apenas correndo atrás de preencher um vazio na vida delas?” Algumas pessoas levaram para um lado mais psicológico e até mítico enquanto eu apenas me lembrava de uma conversa que havia tido dias antes com a minha mãe na cozinha de nossa casa:

Um primo meu certa vez chegou a ela e disse:
— Tia, eu sinto um vazio muito grande dentro de mim. Nada é capaz de preencher esse vazio. Eu saio com meus amigos nas noites, bebo com eles, a gente se diverte, mas quando retorno para casa o vazio ainda está lá.

Apesar de eu ser uma criança na época eu me lembro de flashs dessa conversa e lembro mais ainda do que ela falou para ele. Ela lembrou que esse vazio era a falta de Deus. Cresci, mudei meus pensamentos sobre algumas coisas da vida, comecei a dar estudos para alguns recém convertidos e então pude me deparar com a grandeza daquela análise que minha mãe havia feito quando eu ainda era pequena para explicar para meu primo, um jovem com seus vinte e tantos anos, o porquê dele se sentir daquela forma.

Ao final da criação Deus para e vê que tudo aquilo era muito bom. As árvores frondosas balançavam com o vento que vinha do Sul. Os animais viviam de modo harmonioso. A pata caminhava na relva enquanto seus filhotes vinham logo atrás seguindo a mãe. O leão com toda sua pompa balançava sua juba enquanto os raios de sol batiam-lhe contra a pele criando uma imagem espetacular. Deus olhou para tudo aquilo e disse: Eis que tudo o que foi criado é muito bom. Porém ainda faltava uma peça essencial ali. Então Ele se ajoelha contra o chão, joga um pouco de água e começa a moldar um boneco. Ele coloca cada detalhe necessário para que o corpo daquele ser seja perfeito: os olhos para que ele enxergue toda aquela beleza daquele recanto, os ouvidos para ouvir o canto dos pássaros, as mãos para que ele toque as coisas, o nariz para que ele sinta o aroma da rosa vermelha que desabrocha no bosque, os órgãos com suas funções específicas para que ele possa secretar todas as suas necessidades e uma boca com todo o paramento perfeito para que ele entoe louvores ao seu criador no fim de cada tarde. Deus olha para aquele ser e vê que ele está pronto. Então o criador se aproxima do rosto de sua criatura e lhe sopra contra as narinas para que então aquele boneco inanimado se torne alma vivente. Uma parte divina entra naquela criatura e então ela abre os olhos pela primeira vez. Ela é um ser humano. A seguir Deus cria uma companhia para aquele primeiro homem e então a instituição da família se torna laço mais sagrado perante a grandiosidade do criador do universo.

Você consegue perceber? A parte essencial para nossa vida não estava no barro. Só passamos a viver quando ele soprou contra o rosto de nosso primeiro pai. O barro foi a matéria, mas a vida só passou a ser possível quando Ele colocou uma parte Dele dentro de nós. Nós não conseguimos viver sem respirar. Nós não podemos viver num ambiente a vácuo. É essencial para nossa vida o ar que circula ao nosso redor e uma quebra nessa regra pode trazer sérios danos para a nossa existência. Nossa vida não está nos minerais da terra (que também são importantes, mas é parte de outro assunto), nossa vida está no sopro de Deus.

Quando meus colegas de classe e meu professor começaram a debater sobre o vazio eu lembrei da minha mãe porque foi exatamente isso que ela falou. Ela lembrou a ele que tínhamos uma parte do nosso criador dentro de nós e uma quebra nesse relacionamento e um afastamento constante de Deus faz com que cada vez mais nos sintamos vazios. Quando uma pessoa fica presa apenas nas feridas do seu passado ela está querendo, a grosso modo, tapar uma parte vazia de sua vida. Ela sente-se como se a dor fosse algo necessário para sua existência. Quem ela vai ser se não tiver mais aquela dor? Como ela vai viver se deixar as marcas pesadas do passado para trás? Como ela vai preencher esse espaço vazio? Eu digo isso com propriedade pois já me senti assim. Mas temos também o outro lado. São aquelas pessoas que focam de maneira exacerbada em coisas futuras. Sofrem por algo que ainda não aconteceu ou preenchem seu tempo no hoje, trabalhando e estudando de sol a sol a fim de buscar algo lá na frente. O que vejo é que quando essas pessoas alcançam esse patamar pretendido, aquilo já não é mais o suficiente e então elas vão atrás de mais, e de mais, e de mais e nunca vivem. Eu digo isso com propriedade porque também já fiz parte desse grupo.

Vazios de Deus, as pessoas se prostram de joelhos e passam a ser escravas da vida que no início recebemos como presente. Vazios de Deus os indivíduos vão caçar migalhas da vida como se elas fossem as coisas mais preciosas para sua existência. Vazios de Deus os Seres Humanos darão espaço para que o inimigo de nossas almas nos mostre as faces belas e prazerosas do pecado, sem ter perspectivas melhores os homens caem e passam a viver uma vida unicamente para buscar preencher um vazio que outrora não existia.

Ouso dizer que Jesus se sentiu assim ao receber sobre si todos os pecados do mundo. Então, pendurado numa cruz, ele olha para o céu e brada: “Pai, porque me abandonastes?” Acredito que nesse momento o Filho, que pagava por crimes que não eram dele, estava se sentindo tão distante Daquele que era a parte que completava Sua existência que seu coração se partiu. O coração de nosso salvador se partiu pois Ele se sentia distante de seus filhos e também distante de Seu Pai. O pecado fez com que o contato inicial com o Pai fosse quebrado. Houve uma ruptura na perfeição, mas ainda assim Deus nos permitiu respirarmos. E de geração em geração pessoas nascem e até seu último suspiro o elemento essencial da vida está percorrendo por nosso corpo. Mesmo chegando a um nível tão profundo no abismo do pecado, Ele ainda assim preserva dentro de nós uma parte que é Dele. Ao olharmos para a realidade e nos sentirmos vazios é, nada mais e nada menos, do que nosso corpo gritando que a parte que falta dentro dele não pode ser preenchida por nada a não ser por aquele que primeiro o preencheu.

Enquanto não nos dermos conta de toda essa realidade continuaremos correndo atrás de vaidades ou presos a elas. Continuaremos correndo em círculos atrás do vento que é invisível. E passarão os tempos, as gerações e tudo permanecerá igual. O sol continuará nascendo e morrendo todos os dias e não veremos nada além de uma rotina que sempre se repete. Deus deseja nos preencher por completo assim como preencheu todas as vasilhas de azeite no relato de Elias com a Viúva de Sarepta. Ele deseja nos preencher com a presença do Espírito Santo que a todo momento sussurra ao nosso ouvido: Deixa Eu entrar na tua vida e te fazer sentir melhor. Deus quer hoje curar as nossas feridas acariciadas trazendo cura total da dor passada. Ele quer também nos mostrar que nada que alcançarmos nesse mundo será capaz de se igualar a eternidade que está sendo-nos preparada. O convite de Jesus é: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo [...] Porque meu jugo é suave, e meu fardo é leve.” (Mateus 11:28-30). Ele promete carregar todo o peso de nossa vida se apenas permitirmos e o convidarmos para fazer isso. O convite é para que nos esvaziemos para que Ele nos preencha por completo até não sobrar nenhuma brecha.

Qual sua decisão frente a esse convite?

Não se esqueça: SACO VAZIO NÃO PARA EM PÉ!

Nenhum comentário:

Postar um comentário