quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Quero um copo vazio!


    Certa vez participei de uma brincadeira cujo objetivo era encher um balde com pequenos copinhos descartáveis. A princípio tudo parecia fácil, mas aí o desafio piorou quando a líder da brincadeira disse que isso deveria ser feito enquanto percorríamos um trajeto para chegar até o balde. Para facilitar a explicação a brincadeira era a seguinte: Duas equipes foram organizadas e cada uma ficava numa extremidade da quadra. Do outro lado e na extremidade oposta estava um representante da equipe aguardando com um balde. Nós precisávamos encher o copo, cruzar a quadra, jogar a água no balde e retornar para encher o copo mais uma vez. A equipe que completasse primeiro o balde vencia a competição. 

    Sempre fui competitiva, então quando chegou o desafio já tratei logo de reunir minha equipe e montar estratégias para vencer. Acontece que já na primeira rodada eu fiquei frustrada com o plano e até mesmo com o jogo. O plano era completar o copo o máximo possível, porém nos primeiros passos em direção ao balde eu já via a água escorrer pelas bordas e se chegávamos do outro lado com o copo pela metade já era lucro. Isso só atrasou a vitória. 

    Lembrei dessa brincadeira hoje enquanto estudava a história do terceiro rei de Israel: Salomão. No livro Os ungidos (que é uma adaptação na linguagem dos dias de hoje do livro Profetas e Reis, de Ellen White) li a seguinte frase: “Não temos dificuldade de carregar um copo vazio, mas sim um copo cheio até a boca.” Essa sentença me chamou a atenção e ao lembrar da brincadeira de minha infância comecei a entender o sentido dessa afirmação.

    Muitas vezes, enquanto passamos por dificuldades, temos a tendência de nos aproximar de Deus. Mas também, quando tudo começa a ficar bem e a vida agradável temos a tendência de esquecer Dele. Você já notou esse acontecimento na sua vida ou na vida de alguém? Isso acontece porque as dificuldades fazem produzir em nós o senso de dependência e necessidade de amparo. Somos interesseiros! A prosperidade, porém, as vezes,  nos faz enxergar a vida de outro modo. O orgulho e o egoísmo fazem produzir em nós o senso de que somos capazes de fazer tudo por nossas próprias forças. O falso sentimento de poder. 

    Salomão já nasceu abençoado e designado ao trono (1 Crônicas 22:9) e enquanto o jovem rei manteve a dependência de Deus em sua mente ele prosperou e fez com que o seu povo, sua nação, também prosperasse. Acontece que em certo momento de sua trajetória enquanto rei tudo começou a mudar. A riqueza começou a ser tão grande e tão atrativa que ele começou a se desviar dos princípios que o tinha levado até ali. Salomão se afastou do propósito de Deus se tornando ambicioso por riquezas mundanas.  Acima de Deus ele quis colocar seu poder político. 

    Enquanto seu copo esteve vazio conseguiu caminhar, mesmo que a vida de monarca lhe apresentasse percalços e dificuldades uma vez ou outra. Mantendo o copo vazio Salomão deixava que Deus reinasse, que Deus guiasse o reino, que Deus fosse o centro e Ele completaria o que faltava. Em certo momento, porém, ele resolveu que por suas próprias forças encheria o restante do copo. Isso significou a ruína do homem mais sábio que o mundo já conheceu. 

    Às vezes podemos nos pergutnar porque Deus permitiu que ele fosse tão rico a ponto de entrar por esses caminhos. Eu digo que Deus não nos criou como robôs que seguem apenas o que ele quer. Podemos fazer escolhas em nossa vida. Não somos marionetes nas mãos de Deus! A riqueza não é o problema, o real problema é quando depositamos o nosso coração nela e esquecemos que quem deveria ocupar a maior parte de nossa vida é Deus. Jesus nos lembrou disso em Mateus 6:21 : “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.”

    Nos últimos tempos tenho observado a minha vida e a vida de tantas pessoas que estão ao meu redor. Tenho me perguntado o porquê de surgirem tantas dificuldades que beram a tragédia. Se Ele é capaz de fazer tudo e conhece o fim desde o princípio, por que não muda a vida de tanta gente? Hoje Deus me respondeu! Ele me mostrou que o copo vazio é muito mais fácil de ser carregado. O copo vazio não transborda o orgulho e a ganância. O copo vazio nos dá o senso de necessidade, senso de que somos limitados pelo pecado e por isso dependemos de um Ser perfeito para nos salvar. 

    Não reclame se seu copo está vazio. Deus deseja te ensinar algo! Ele deseja que você enxergue que precisa Dele, que você sinta a necessidade de tê-lo por perto. 

    O mundo tem muita coisa boa para oferecer. Mas são boas apenas aos nossos olhos limitados. Quando olhamos com os olhos transformados por Deus percebemos que nada é bom demais que possa substituí-Lo. Essas conquistas aparentemente boas podem nos trazer problemas na vida: podem até completar nosso copo vazio, mas será mais difícil de carregar, será mais difícil de se manter perto de Deus. Salomão entendeu isso e nos deixou um ensinamento: “A bênção do Senhor é que enriquece; e não traz consigo dores.” (Provérbios 10:22).

    As bênçãos que Deus têm preparadas para você são muito maiores do que qualquer coisa que você possa imaginar. Elas podem enriquecer a sua vida em vários sentidos e não trarão consigo dores. Não será difícil carregar uma vida preenchida pelas bênçãos de Deus. 

Oremos para que Deus nos faça entender isso!

Eu oro por você!

Um comentário:

  1. Me identifiquei nessa meditação. Que possamos ser copos vazios para que o Senhor nos complete com Seu Santo Espírito.Que Deus te abençoe e que Ele te inspire cada dia mais.

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